Pensamentos e Palavras
Poemas e pensamentos de Alex Fernando.
sábado, 22 de outubro de 2011
Filosofia aos Quatro Ventos
Velho Galeão
Embarco aflito no velho galeão de velas carcomidas
Sem sorte, sem bagagem, sem um norte na estalagem
À estibordo, o hábito no olho e as idéias confundidas
Entre a atual maresia e os resquícios da aragem
Avante ao mar de amar a amargura, que amanhã é a amostra
Cataclísmica dita de que nada é tão tudo que de tudo tome conta
Que sigo o caminho que este velho galeão falido mostra
Ainda sabendo que navega e nunca nada encontra!
Pudera a doce ilusão de ter-te resgatar-me da pirataria
De saquear o cais das lembranças ao longo dos intermináveis dias
E atracar seguro no porto indestrutível dos teus braços
Gozando tranqüilo do tesouro indescritível dos teus abraços...
Faço dessa saudade minha única bagagem palpável
Além do teu áureo anel pequenino e brilhante que ostento
No dedo mínimo, como lembrança fina e inabalável
De um amor épico, forte e único, provido de todo auto-sustento
Mas creio que não tanto assim, já que sumiste na névoa
De um domingo nublado pós-festa e sem fim
E desde então me ataca tua fragata sem trégua
Que não puderam os canhões do galeão atingir...
Ante o meu ponto mais maldito e frágil
Atiras direta e impiedosamente enquanto temo o naufrágio!
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Amálgama dos Devaneios
E além da nebulosa de Órion
Cristalizou-se à noite
Antes que surja o Novo Aeon
Das cinzas daquele tempo
Em que fui um menestrel
Cavaleiro nobre do vento
Enquanto cuidavas de teu ovil
E no eflúvio de tua magia
Caminho tão obscuro
Minh'alma fortalecia
Como égide de saturno
E por esses anéis que me perco
Como anéis de minha mente
Onde sequer pareço
Ter meus pensamentos ao ver-te
E de minha singela fragata
Abro um canal direto
À sensação alucinada
De fundir-me ao universo
Na chibata, no açoite dos desejos contidos
Meu devaneio percorre a realidade áspera
Nas amplidões dos meus fluídos
A luz da excelência em uma amálgama
Amarfanhada, minha branca túnica de mensageiro
E tuas lembranças no meu colar de diamantes
No fogo dos repentes de um forasteiro
Abrigo teu amor em minha alma dissonante...
(Texto escrito originalmente em 16/03/09)
A Cidade dos Mortos
O sol
Candelabro da galáxia
Hidrelétrica da lua só
Faz com que a luz se faça
Mas não dissipa as trevas
Que escondem tanto sobre o mundo
Entre becos e frestas
E pensamentos obscuros
No subsolo do cemitério
Onde se servem os vermes
Por meio a terra tão fértil
Alguns corpos se remechem
Monges maus descem por uma tumba
Em que não chega sequer a luz da lua
E passeiam pelas catacumbas
Pelos túneis que cavaram com as unhas!
Chegam a cidadela
Guiados apenas pela fraca vela
E pela voz singela
Do canto de uma elfa!
Lá fora a cidade dorme e se comporta
Eles lançam um sorriso ambicioso na caverna
Em que o sol não toca
Fazendo a noite eterna!
(Texto originalmente escrito em 19/05/08)
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Amor e Nostalgia
Caminho entre os lírios
Que grandes campos ao meu redor formam
Meus olhos de dois rios
As nascentes mais puras se tornam
Isso sempre acontece
Quando vejo o tempo que deixei correr
E no meu subconsciente
Sinto um toque do sofrer
Cantos e campos
Têm mais que uma diferença
Contos e cantos
Também só mantêm as aparências
Estou à sós com a solidão
Nem vem vadio!
O amor trancou o portão
Depois que saiu
Que curiosa é a vida
Que se irrita na microfonia
Depois viaja de enxerida
Na guitarra que grita
E onde vou parar?
Nessa louca viagem
Da loucura de amar
Da surreal, real miragem
E no espelho das águas
Distante, triste vejo
As raízes dessa barba
Cravadas no meu queixo...
Do sertão às metrópoles
Das taperas às mansões
Das quitandas ao shopping
Conheci inúmeras intenções
E agora entre os lírios
Sou a nascente desses dois rios
Que escorrem sobre os meus papiros
E banham meus delírios
Vou esquecer que eu existo
E de uma maneira triste
Esquecer-me desse vício
De que a tristeza existe
Não passo de um menestrel
E a linha da minha vida
Enrolo no carretel
Da alma amadurecida
Um trovador cavernoso
Com espada e alforge no peito
Gritando ao avesso do povo
Que o mundo ainda tem jeito
Dois rios, lágrimas, amor; beba... VIVA!!!
(Texto originalmente escrito em 09/11/08)