sábado, 22 de outubro de 2011

Filosofia aos Quatro Ventos

É estranho pensar nas coisas, é estranho pensar, é estranho partir para o desconhecido e chegar lembrando-se de algo que não estava no script...
É como nunca ter assistido o filme mas saber do fim e dos créditos.

Se da vida se faz o espetáculo, será que as pessoas tiram as máscaras quando abaixam-se as cortinas? Será que te responderam de onde veio isso que você carrega dentro de você?

Dos céus caem as águas trazendo as coisas do ar, acrescentando à terra sedenta tudo que ela precisa.
Sou essa terra, esperando as chuvas desse planeta belo, em que a felicidade se esconde nas pequenas coisas, naquelas, que estamos ocupados demais para contemplar de coração aberto.

Ainda que continuem acrescentando horas aos dias e dias na imensidão dos milênios, a chuva cai laranja nos raios do sol da nostalgia num fim de tarde levemente melancólico, mas com a sombra tranquila de um sorriso maquiado, que tranquiliza a todo custo qualquer ser vivo.

É estranho pensar nas coisas, repito e acrescento que é estranho pensar...
Inclusive pensar de repente de onde vem o pensamento?

Filosofar me parece uma saída viável, mas talvez, não a mais sábia; já que a ação é maior que qualquer pensamento, ainda que este seja capaz de mudar o mundo, sem a ação torna-se uma emoção barata, e é disso que minhas trêmulas mãos se servem agora, teclando emocionadas palavras ao vento, que num futuro próximo relerei achando ridículas!

EIS A FILOSOFIA!

Velho Galeão

Embarco aflito no velho galeão de velas carcomidas

Sem sorte, sem bagagem, sem um norte na estalagem

À estibordo, o hábito no olho e as idéias confundidas

Entre a atual maresia e os resquícios da aragem


Avante ao mar de amar a amargura, que amanhã é a amostra

Cataclísmica dita de que nada é tão tudo que de tudo tome conta

Que sigo o caminho que este velho galeão falido mostra

Ainda sabendo que navega e nunca nada encontra!


Pudera a doce ilusão de ter-te resgatar-me da pirataria

De saquear o cais das lembranças ao longo dos intermináveis dias

E atracar seguro no porto indestrutível dos teus braços

Gozando tranqüilo do tesouro indescritível dos teus abraços...


Faço dessa saudade minha única bagagem palpável

Além do teu áureo anel pequenino e brilhante que ostento

No dedo mínimo, como lembrança fina e inabalável

De um amor épico, forte e único, provido de todo auto-sustento


Mas creio que não tanto assim, já que sumiste na névoa

De um domingo nublado pós-festa e sem fim

E desde então me ataca tua fragata sem trégua

Que não puderam os canhões do galeão atingir...


Ante o meu ponto mais maldito e frágil

Atiras direta e impiedosamente enquanto temo o naufrágio!


(Poema escrito originalmente em 19/10/11)