quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Amálgama dos Devaneios

O navegável mar nebulizou-se
E além da nebulosa de Órion
Cristalizou-se à noite
Antes que surja o Novo Aeon

Das cinzas daquele tempo
Em que fui um menestrel
Cavaleiro nobre do vento
Enquanto cuidavas de teu ovil

E no eflúvio de tua magia
Caminho tão obscuro
Minh'alma fortalecia
Como égide de saturno

E por esses anéis que me perco
Como anéis de minha mente
Onde sequer pareço
Ter meus pensamentos ao ver-te

E de minha singela fragata
Abro um canal direto
À sensação alucinada
De fundir-me ao universo

Na chibata, no açoite dos desejos contidos
Meu devaneio percorre a realidade áspera
Nas amplidões dos meus fluídos
A luz da excelência em uma amálgama

Amarfanhada, minha branca túnica de mensageiro
E tuas lembranças no meu colar de diamantes
No fogo dos repentes de um forasteiro
Abrigo teu amor em minha alma dissonante...


(Texto escrito originalmente em 16/03/09)

A Cidade dos Mortos


O sol
Candelabro da galáxia
Hidrelétrica da lua só
Faz com que a luz se faça

Mas não dissipa as trevas
Que escondem tanto sobre o mundo
Entre becos e frestas
E pensamentos obscuros

No subsolo do cemitério
Onde se servem os vermes
Por meio a terra tão fértil
Alguns corpos se remechem

Monges maus descem por uma tumba
Em que não chega sequer a luz da lua
E passeiam pelas catacumbas
Pelos túneis que cavaram com as unhas!

Chegam a cidadela
Guiados apenas pela fraca vela
E pela voz singela
Do canto de uma elfa!

Lá fora a cidade dorme e se comporta
Eles lançam um sorriso ambicioso na caverna
Em que o sol não toca
Fazendo a noite eterna!


(Texto originalmente escrito em 19/05/08)