sábado, 22 de outubro de 2011

Velho Galeão

Embarco aflito no velho galeão de velas carcomidas

Sem sorte, sem bagagem, sem um norte na estalagem

À estibordo, o hábito no olho e as idéias confundidas

Entre a atual maresia e os resquícios da aragem


Avante ao mar de amar a amargura, que amanhã é a amostra

Cataclísmica dita de que nada é tão tudo que de tudo tome conta

Que sigo o caminho que este velho galeão falido mostra

Ainda sabendo que navega e nunca nada encontra!


Pudera a doce ilusão de ter-te resgatar-me da pirataria

De saquear o cais das lembranças ao longo dos intermináveis dias

E atracar seguro no porto indestrutível dos teus braços

Gozando tranqüilo do tesouro indescritível dos teus abraços...


Faço dessa saudade minha única bagagem palpável

Além do teu áureo anel pequenino e brilhante que ostento

No dedo mínimo, como lembrança fina e inabalável

De um amor épico, forte e único, provido de todo auto-sustento


Mas creio que não tanto assim, já que sumiste na névoa

De um domingo nublado pós-festa e sem fim

E desde então me ataca tua fragata sem trégua

Que não puderam os canhões do galeão atingir...


Ante o meu ponto mais maldito e frágil

Atiras direta e impiedosamente enquanto temo o naufrágio!


(Poema escrito originalmente em 19/10/11)

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